Será mesmo que a inteligência artificial é a solução para todos os nossos problemas?
Aliás, será mesmo que alguém pensa assim?
Meredith Broussard, professora de jornalismo e autora do livro “Artificial Unintelligence”, lançou mão do termo “tecnochauvinismo”. É praticamente uma releitura de Fausto: trata-se da crença nas soluções técnicas como a melhor (quando não a única) alternativa para a solução de problemas.
Não, né?
Parece óbvio. Mas quando ela alerta para o excesso de confiança diante do avanço da inteligência artificial, ignorando o pensamento crítico, desconsidera todos os problemas sociais e humanos. Tarcizio Silva lembrava disso logo quando o livro saiu: “códigos são socialmente construídos”.
A autora diferencia, de forma didática, o que significa uma IA geral (a que, em tese, “vai resolver todos os problemas” da IA restrita (em inglês, “narrow”). Além de não ser, exatamente, “inteligente”, ainda carrega falhas de design.
One way to understand narrow AI is this: narrow AI can give you the most likely answer to any question that can be answered with a number. It involves quantitative prediction. Narrow AI is statistics on steroids.
O livro é, acima de tudo, um convite à luz em uma terra de cegos: num mundo em que praticamente tudo pode ser apoiado por uma IA, essa tecnologia deveria ser explicada, auditada e desenvolvida sob um prisma ético.
BROUSSARD, Meredith. Artificial Unintelligence: How Computers Misunderstand the World. Cambridge: The MIT Press, 2018.
SILVA, Tarcizio. (Des)Inteligência Artificial: como computadores não compreendem o mundo. Disponível em <https://tarciziosilva.com.br/blog/desinteligencia-artificial-como-computadores-nao-compreendem-o-mundo/>. Acesso em 18.set.2022.